Semana Académica do Politécnico de Viana do Castelo celebra tradição com cortejo emotivo pelas ruas da cidade
Num cortejo marcado por simbolismo, tradição e muitas memórias, centenas de estudantes despediram-se da vida académica e celebraram o fim de um ciclo no coração da cidade
Por Administrador
Publicado em 22/05/2025 09:45
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IPVC

Num cortejo marcado por simbolismo, tradição e muitas memórias, centenas de estudantes despediram-se da vida académica e celebraram o fim de um ciclo no coração da cidade

      Semana Académica do Politécnico de Viana do Castelo celebra tradição com cortejo emotivo pelas ruas da cidade

 

Entre lágrimas, gargalhadas, cartolas amassadas e sonhos para cumprir, centenas de estudantes desfilaram pelas ruas de Viana do Castelo no Cortejo Académico do Politécnico de Viana do Castelo. Aquele que é um dos momentos altos da Semana Académica juntou tradição, festa, sátira social e um enorme agradecimento numa celebração que é, para muitos, o ponto final de um ciclo e, para todos, uma memória para a vida.


 

É quarta-feira, mas até parece sábado. Viana do Castelo vive um dia mais colorido e mais ruidoso do que o habitual. Centenas de estudantes saíram à rua para participar num dos momentos mais simbólicos do ano. Em representação de todas as Escolas Superiores do Politécnico de Viana do Castelo percorrem as principais ruas da cidade, entre a Escola Superior de Tecnologia e Gestão e a Escola Superior de Educação, dando corpo ao tradicional Cortejo Académico, um dos pontos altos da Semana Académica.

 

Entre cantorias, cartolas amachucadas, capas ao ombro, rostos vermelhos de tanta gritaria e emoção, peitos inflamados e vozes já roucas, distribuídos pelo “maior número de carros participantes de sempre (20)”, contava Henrique Maciel, presidente da Federação Académica do IPVC, havia lágrimas escondidas por trás de sorrisos e olhos brilhantes que misturam alegria, orgulho e despedida.

 

Para Rafaela Ferreira, de 21 anos, finalista do curso de licenciatura em Enfermagem, da Escola Superior de Saúde, o dia resume uma longa caminhada feita de esforço e companheirismo: “É um nervosismo bom, porque finalmente chegou este momento. Comecei a construir este sonho há muito tempo e hoje é o dia de o celebrar. Viana conquistou-me. Vai ficar para sempre no meu coração.”


 

“O maior cortejo de sempre” saiu à rua com 20 carros

O cortejo foi também uma forma de prestar homenagem à cidade que acolhe três das seis Escolas Superiores do Politécnico de Viana do Castelo. Muitos cursos trouxeram carros decorados com símbolos locais, como foi o caso da Escola Superior de Educação, que não deixava muita margem para dúvidas: os tapetes de sal, o coração de Viana ou o traje tradicional, as redes de pesca ou o andor da Senhora da Agonia. Os principais elementos representativos da cidade estavam presentes no cortejo.

 

Margarida Ferreira, de Barcelos, finalista do curso de mestrado em Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico e de Matemática e Ciências Naturais no 2.º Ciclo do Ensino Básico explica a escolha da Escola “Desde a licenciatura que Viana é a minha segunda casa. No nosso carro incluímos os principais ícones da cidade: o andor da Senhora da Agonia, os pescadores, a música popular. Viana é emoção, é família e é alegria. Merecia esta homenagem, porque nos tem dado muito.” Já viveu o espírito académico como caloira, como finalista e agora que está no mestrado, garante que a emoção é a mesma. “Só quem cá está a participa nestes momentos, percebe o que sentimos. Dedicámos muitas horas para que tudo isto ficasse como está. Passámos horas em ensaios, momentos de partilha que ninguém entende.”


 

“Este é um dia esperado há muito. Por mim, mas também pela minha família”

Finalista é também Beatriz Couto, de 21 anos e natural de Viana do Castelo. Ser efetivamente finalista, confessava, é o seu desejo, já que tem algumas cadeiras em atraso. A frequentar o curso de licenciatura em Organização e Gestão Empresariais, na Escola Superior de Ciências Empresariais, Beatriz fala de um dia há muito aguardado: “Este é um dia esperado há muito, por mim, mas também por toda a minha família, que está aqui a assistir. Com algumas cadeiras por fazer, espero mesmo conseguir concluir este ano. Terá mesmo de ser, mas hoje quero é celebrar, porque esta cartola que trago simboliza muito, para todos os que me rodeiam. Estou muito emocionada.”

 

“O meu sonho é trabalhar na Fórmula 1. Sei que é difícil, mas também sei que a base que tenho aqui no IPVC é sólida”

Mas não são apenas os finalistas a transbordar de emoção. Os caloiros viveram o seu primeiro cortejo com igual entusiasmo. Rui Augusto, de 19 anos, estudante do primeiro ano da licenciatura em Agronomia, da Escola Superior Agrária, destaca o espírito comunitário da sua Escola, em Refoios do Lima, Ponte de Lima: “A convivência na Agrária é única. Tocamos concertina nos finais do dia, jantamos juntos, ajudamo-nos uns aos outros. Aqui todos se conhecem, todos partilham. É uma grande família e o dia de hoje é só o continuar de um espírito que não existe em mais nenhuma Escola”, afirma o estudante natural do Porto.


 

Entre a euforia dos festejos, também houve espaço para alguma sátira social e momentos de reflexão. No carro da Escola Superior de Desporto e Lazer lia-se a frase “O povo fala, mas quem escuta?”. Uma provocação que resume bem o sentimento de muitos jovens sobre as dificuldades em entrar no mercado de trabalho. Gabriel Freitas, vimaranense e aluno de mestrado em Treino Desportivo, explica: “É uma chamada de atenção. Estamos a sair com formação superior, mas com poucas perspetivas reais. Estamos aqui para celebrar, claro, mas não podemos ignorar a realidade.”

 

Na área das engenharias, também se notava orgulho e determinação. Beatriz Braga, de Barcelos, é uma das poucas mulheres no curso de licenciatura em Mecatrónica, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, mas não se intimida: “O meu sonho é trabalhar na Fórmula 1. Sei que é difícil, mas também sei que a base que tenho aqui no IPVC é sólida. Mas hoje, aliás, a semana toda, não é altura para pensar nisso. Estamos na Semana Académica, um momento de muita alegria para todos. Este cortejo é um momento de afirmação para mim, como mulher e como futura engenheira, por isso decido tanto tempo a esta iniciativa”, contava-nos enquanto dividia atenções entre o assador que o curso tinha no carro e os cânticos que se iam ouvindo.

 

O desfile começou junto à ESTG-IPVC, percorreu algumas das principais artérias da cidade e terminou junto à ESE-IPVC. pelo meio, muitos familiares e amigos, que não quiseram perder um dos momentos mais importantes da vida académica dos jovens do IPVC. Entre o público, havia quem vibrasse mais do que os próprios estudantes.



“É um orgulho enorme vê-las crescer e seguir os seus sonhos”

Silvina Almeida, avó de uma aluna de Enfermagem, emociona-se com o ambiente: “Já vivi isto com as minhas duas filhas, e agora com as minhas netas gémeas. A Sofia aqui, em Enfermagem, e a outra em Medicina. É um orgulho enorme vê-las crescer e seguir os respetivos sonhos. Estas tradições são muito bonitas, aproximam gerações”, descrevia sem desviar o olhar do cortejo, à procura da neta Sofia.

 

O cortejo é apenas um dos momentos da Semana Académica, organizada pela Associação Académica do IPVC, que este ano decorre até sábado. Para os finalistas, o cortejo foi o ponto de chegada. Para os caloiros, um início. Mas para todos, uma certeza: ninguém sai igual de uma experiência académica vivida com o coração.

 

A festa prossegue à noite no Pavilhão Desportivo Nicolau Veríssimo, na Meadela, com atuações de Zara G, Más Influências, DJ Urze, Hinoportuna, TUNESCE, TUNESS e VEMTUNA.

 

Esta quinta-feira, o palco recebe Chico da Tina, Kaii e DJ Kardo, prometendo uma noite de energia e ritmos urbanos. O dia seguinte está reservado para Miguel Luz, DJ Pablu e Fábio Gonçalves.

 

A Semana Académica termina em grande no sábado, 24 de maio, com os concertos de Dillaz, Echosound e DJ Avatar, que assina o set de encerramento.

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