Turismo sustentável | Projeto europeu FISATUR promove integração entre pesca e turismo
FISATUR, projeto do Politécnico de Viana do Castelo, promove turismo sustentável
O projeto europeu FISATUR culminou esta manhã em Viana do Castelo com a chegada dos 12 tripulantes à vela, após escalas em França e Espanha. A sessão “Turismo Marítimo e Comunidades Piscatórias: Perspetivas para o Futuro” marcou o encerramento de 28 meses de investigação, destacando a importância da cooperação transfronteiriça, a valorização do setor marítimo e a formação de novos agentes locais.
Chegou ao fim, esta segunda-feira, o Trade Navigation Tour (TNT), a viagem à vela, levada a cabo no âmbito do projeto FISATUR, que passou por sete portos em França, Espanha e Portugal e incluiu, entre outras atividades, visitas a comunidades costeiras, workshops, sessões de partilha de experiências e de conhecimento e atividades escolares.
A iniciativa marca praticamente o encerramento do FISATUR, projeto europeu que nasceu com o propósito de diversificar as atividades dos ecossistemas de pesca locais, partilhar boas práticas, mas também com a missão de promover e impulsionar novas soluções de desenvolvimento turístico sustentável relacionadas com a pesca, a aquacultura e o património marítimo.
Ao longo de mais de dois anos de duração do FISATUR, foram conhecidos perto de quatro centenas de projetos ligados ao setor, muitos deles já implementados nos respetivos territórios e outros em fase de implementação, o que revela o carácter impactante, prático, real e envolvente do projeto.
Já em terra firme, foram apresentadas, esta manhã, na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, as principais conclusões de um projeto inovador que juntou três territórios localizados na costa atlântica em torno de propósitos claros. Nesta sessão pública, Ana Sofia Rodrigues, vice-presidente do Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), instituição coordenadora do FISATUR em Portugal, defendeu que o projeto europeu “permite às comunidades desenvolverem-se de forma sustentável, mantendo as pessoas nos seus territórios e promovendo oportunidades inovadoras ligadas ao mar.”
Projetos implementados no território
Já o presidente da CIM do Alto Minho, Manoel Batista, salientou a relevância do projeto para a região, defendendo que “o FISATUR cria um novo paradigma no turismo marítimo, integrando tradição e inovação, valorizando as comunidades piscatórias e reforçando a sustentabilidade económica e social do nosso litoral.” O FISATUR, rematou Manoel Batista, “é um projeto que representa muito mais do que uma simples iniciativa transfronteiriça. É a materialização de uma visão partilhada entre França, Espanha e Portugal, para a criação de um novo paradigma no turismo marítimo, onde a tradição piscatória se encontra com a inovação turística, gerando novas oportunidades económicas para as nossas unidades costeiras.”
O presidente da CIM do Alto Minho rematou a sua intervenção, dizendo acreditar que “a interligação sustentável entre a pesca tradicional e as novas propostas de valor turístico pode ser um motor de desenvolvimento económico e social para toda a região.”
Na apresentação dos principais resultados, Maria Caldeiro, diretora da FUNDAMAR, Fundação para a Pesca e Marisco, sublinhou a importância de dar continuidade às aprendizagens e as parcerias criadas através do projeto, reforçando a cooperação público-privada, a valorização do setor marítimo, a formação de novos ativos locais e a transferência de conhecimento.
Entre os participantes portugueses na viagem de veleiro destaca-se “Preservação do Património Marítimo em Esposende”, projeto que venceu o FISATUR em Portugal e que combina restauro de embarcações tradicionais com tecnologia 3D e atividades educativas.
O projeto, com a duração de 28 meses, desenvolveu-se em três fase: mapeamento de iniciativas existentes na região atlântica entre a Bretanha, em França, e a zona costeira do norte de Portugal (foram identificadas perto de 400 atividades ligadas ao setor); programa de incubação, com a seleção de dez projetos por país (França, Espanha e Portugal) para um programa de mentoria e formação; e a terceira fase, que chega agora a fim com o passeio à vela com os projetos vencedores saídos de cada território, com paragens ao longo do percurso, para uma série de atividades e networking.
O FISATUR é cofinanciado pela União Europeia, através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura (FEMPA) e gerido pela Agência de Execução Europeia do Clima, das Infraestruturas e do Ambiente (CINEA).
O veleiro com os 12 tripulantes deveria ter chegado a Viana do Castelo este domingo, mas a viagem sofreu alterações devido à Tempestade Gabrielle, tendo chegado apenas no dia de hoje.
O FISATUR envolve seis parceiros de três países – o Politécnico de Viana do Castelo e a CIM do Alto Minho, em Portugal, a FUNDAMAR e o ICSEM, em Espanha (Galiza), e ainda L'Institut Agro Rennes-Angers e a Technopole Quimper-Cornouaille, em França (Bretanha).